Nesta altura da história (…), as ciências sociais se defrontam com um desafio epistemológico novo. O seu objeto transforma-se de modo visível, em amplas proporções e, sob certos aspectos, espetacularmente. Pela primeira vez, são desafiadas a pensar o mundo como uma sociedade global. As relações, os processos e as estruturas econômicas, políticas, demográficas, geográficas, históricas, culturais e sociais, que se desenvolvem em escala mundial, adquirem preeminência sobre as relações, processos e estruturas que se desenvolvem em escala nacional. O pensamento científico, em suas produções mais notáveis, elaborado primordialmente com base na reflexão sobre a sociedade nacional, não é suficiente para apreender a constituição e os movimentos da sociedade global
(IANNI, Octavio. Globalização: novo paradigma das ciências sociais. Estudos Avançados, v. 8, n. 21, 1994, p. 147-163)
Conforme o trecho acima, o “paradigma da globalização” tem provocado inúmeras implicações para a reflexão e a prática das ciências sociais mundo afora. Sobre esse amplo e controverso processo, é correto afirmar que:
a sociedade global conforma uma realidade emergente, original e desconhecida, que exige das ciências sociais um giro epistemológico, com a reformulação de interpretações, conceitos, teorias e metodologias.
a atuação de organismos internacionais, como ONU, FMI, BIRD, OIT e OMC, garantem os interesses das nações economicamente mais frágeis.
as novas abordagens prescindem de considerações abrangentes, pois a ênfase recai sobre as formas de manutenção das singularidades nacionais.
as sociedades nacionais se descolam da sociedade global como meio de manutenção de suas culturas e tradições.
o surgimento da sociedade global evidencia a alteração da balança de poder entre as nações, em que as condições de soberania e hegemonia para cada uma delas se equalizam.