No quadro abaixo, chamado “A Redenção de Cam” e pintado em 1895, o pintor espanhol radicado no Brasil, Modesto Brocos, retrata uma família brasileira em que a avó possui a pele escura, sua filha possui um tom de pele mais claro e seu neto é branco, filho de um homem também branco. Na tela todos parecem estar felizes, e a avó traz suas mãos elevadas ao céu.
A imagem serviu de capa para um artigo apresentado por João Batista de Lacerda (1846-1915) no Congresso Universal das Raças, realizado em Londres em 1911, e é considerado uma defesa do branqueamento da população negra brasileira, o que teria por consequência a
promoção da tese da redução do conflito entre os diferentes grupos raciais através da educação das novas gerações para uma cultura de paz.
transformação do Brasil em um país de “racismo por segregação”, onde as famílias são dissolvidas quando seus membros pertencem a grupos raciais diferentes.
ruptura com a proposta de miscigenação que caracteriza o “mito da democracia racial”, já que o fenótipo do bebê é branco, e não mestiço.
manutenção do chamado “racismo à brasileira”, que postula que as pessoas negras celebrariam o embranquecimento, seu e de seus descendentes.
politização da arte, especialmente da arte plástica, pois o quadro foi usado para defender uma tese racista, o que não era a intenção de seu autor.