Afonso d’Escragnolle Taunay escreveu, entre os anos de 1924 e 1950, uma longuíssima obra sobre as chamadas “Bandeiras Paulistas”. Em seu último de 11 tomos, Taunay dedicou-se às “monções cuiabanas do século XVIII”. Nele, se lê:
Como consequência imediata da descoberta do ouro cuiabano, operou-se a transformação da principal rota sertanista, já quase sesqui-secular da penetração ocidental, para a devassa das terras e a preá do índio, em via comercial e militar. [...] E, com efeito: em parte alguma do globo as condições geográficas, demográficas, comerciais, coexistiram e associaram-se tão típicas, tão originais, quanto as que caracterizaram essa via anfíbia de milhares de quilômetros de imensos percursos fluviais e pequenas jornadas terrestres: a estrada das monções entre os pontos terminais de Araraitaguaba e Cuyabá, separados por três mil e quinhentos quilômetros da mais áspera navegação com a mínima solução de continuidade constituída por alguns quilômetros do varadouro de Camapuan. [...Avançava-se] em desrespeito ao ajuste interibérico de 1494 definitivamente perempto em 1750 graças ao influxo das bandeiras sobre a resistência pequena [...] castelhana [...] ao Sul e no Centro do Brasil atual e quase nula e, por assim dizer, inexistente na Amazônia.
TAUNAY, A. de E.: História Geral das Bandeiras Paulistas. Tomo undécimo e último. São Paulo: Edição do Museu Paulista, 1950. p. 11. Adaptado.
O texto acima refere-se à(ao)
iniciativa paulista de avançar no território colonial luso desde a capitania de São Vicente, em direção oeste, buscando novos locais para estabelecimento de roças para o cultivo de café, culminando com a formação de pequenas vilas com vocação para rentáveis entrepostos comerciais.
estabelecimento da colonização portuguesa nas costas da América do Sul, à extração de pau-brasil, à guerra contra as invasões francesas e ao estabelecimento da capital do Brasil em Salvador, na Bahia.
economia agroexportadora da monocultura de cana-de-açúcar, à ocupação de grandes áreas de latifúndio ao plantio, ao estabelecimento dos engenhos de açúcar na região Nordeste do Brasil e à utilização da mão de obra negra escravizada.
descoberta do ouro em Minas Gerais, ao grande afluxo migratório decorrente dessa descoberta rumo aos sertões do Brasil, estabelecendo-se em Vila Rica de Ouro Preto e Mariana, formando uma população miscigenada, liberta e assalariada.
relação entre o influxo das bandeiras, à interiorização da colonização portuguesa, ao avanço luso sobre os limites espanhóis estabelecidos no Tratado de Tordesilhas de 1494 e à assinatura do tratado de Madrid, em 1750.