Ganhando dimensões tridimensionais e multiplicando-se em canais on-line, como o Instagram e o TikTok, as imagens tornaram-se um dos espaços mais importantes de sociabilidade e comunicação do século. Não seria exagero afirmar que a cultura visual contemporânea é indissociável da produção imagética nas redes. Nunca se fotografou tanto como em nossa época. Em 2015, estimou-se que a cada dois minutos eram produzidas mais imagens que a totalidade das fotos feitas nos últimos 150 anos. Essa era uma estimativa relativamente modesta, considerando-se que à época existiam 1 bilhão de dispositivos com câmera (entre os 5 bilhões de celulares ativos). As imagens contemporâneas rompem regimes estéticos e subvertem não apenas os modos de fazer canônicos, mas também os modos de olhar: tudo pode ser registrado e postado antes mesmo de ser vivido, como se a documentação pudesse prescindir do fato e da experiência das coisas.
Adaptado de BEIGUELMAN, Giselle. Políticas da imagem: vigilância e resistência na dadosfera. São Paulo: Ubu, 2021.
O trecho apresentado pode ser relacionado com a profusão de imagens técnicas, definidas por Vilém Flusser (2008), onde o autor afirma que o gesto produtor de imagens técnicas é composto por duas fases. Assinale a alternativa que identifica as fases referidas e suas respectivas definições.
Na primeira fase são reunidos os elementos reais para formarem as imagens técnicas. Na segunda fase, essas imagens são distribuídas nas redes sociais e plataformas digitais. A primeira fase é composta pelo nosso cotidiano, enquanto a segunda é conduzida pelos usuários das redes sociais. Em toda imagem técnica, essa colaboração entre vida real e usuários é essencial para sua produção e disseminação.
Na primeira fase são analisados os pontos de vista ontológicos das imagens técnicas. Na segunda fase, são definidos os pontos de vista éticos e estéticos das imagens. A primeira fase é conduzida por filósofos e teóricos da arte, enquanto a segunda é realizada por artistas e críticos de arte. Em toda imagem técnica, essas reflexões sobre ontologia, ética e estética são fundamentais para sua compreensão e interpretação.
Na primeira fase são capturadas as imagens técnicas por meio de dispositivos eletrônicos. Na segunda fase, essas imagens são processadas e editadas em softwares específicos. A primeira fase é realizada por fotógrafos e cinegrafistas, enquanto a segunda é conduzida por editores de imagem e designers gráficos. Em toda imagem técnica, essa colaboração entre captura e edição é essencial para sua qualidade final.
Na primeira fase são inventados e programados aparelhos. Na segunda, os aparelhos são utilizados e desafiam o seu programa. A primeira fase é executada por cientistas e técnicos, a segunda pelos produtores das imagens propriamente ditos. Em toda imagem técnica é possível descobrir-se tal colaboração e luta entre o programador e a liberdade dos usuários.
Na primeira fase são criados os conceitos e ideias para as imagens técnicas. Na segunda fase, esses conceitos são aplicados na produção das imagens. A primeira fase é conduzida por teóricos e pensadores da cultura visual, enquanto a segunda é realizada por artistas e designers. Em toda imagem técnica, essa relação entre concepção teórica e realização prática é crucial para sua significação e impacto.