De forma a reproduzir aspectos da linguagem coloquial, despreocupada quanto aos ditames da gramática tradicional, é comum que autores consagrados façam uso de coloquialidades consideradas como “desvios” da norma culta. Essas escolhas vocabulares suscitam debates quanto à legitimidade de seu uso na escrita contemporânea. No texto, por exemplo, Rachel de Queiroz se vale da disposição de um pronome pessoal oblíquo em próclise (isto é, sua colocação anterior ao verbo) em contexto no qual, conforme as normas gramaticais, a ênclise (isto é, a colocação pronominal posterior ao verbo) seria mais adequada. O pronome em questão se dá, sublinhado, no trecho:
“Mas não se iluda, velho, meu amigo e colega.” (3º§)
“Te ataca o coração, o pulmão, todas as demais vísceras [...]” (2º§).
“[...] as cicatrizes já não se escondem tão bem atrás das orelhas [...]” (4º§).
“[...] profissional nenhum pode obter, já que lhe é impossível tingir fio por fio.” (6º§).