A segunda geração modernista apresenta como tema principal o ser humano e suas angústias. Em relação aos poetas da geração de 1922 demonstra-se um processo de amadurecimento.
Dentre os exemplos a seguir, NÃO pode ser relacionado à segunda geração de modernistas apenas:
Pensem nas crianças mudas telepáticas
Pensem nas meninas cegas inexatas
Pensem nas mulheres rotas alteradas.
Pensem nas feridas como rosas cálidas
Mas oh! não se esqueçam da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária. A rosa radioativa estúpida inválida
A rosa com cirrose, a anti-rosa atômica
Sem cor, sem perfume, sem rosa, sem nada.
(MORAES, Vinicius de. Poesia completa e prosa.)
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. In: Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992.)
Nunca mais andarei de bicicleta
Nem conversarei no portão
Com meninas de cabelos cacheados
Adeus valsa “Danúbio Azul”
Adeus tardes preguiçosas
Adeus cheiros do mundo sambas
Adeus puro amor
(MELO Neto, João Cabral de (org.). Murilo Mendes - Antologia Poética. Brasília: INL, 1976, p. 28-29.)
Tratado geral das grandezas do ínfimo
A poesia está guardada nas palavras – é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogios.
(BARROS, Manoel de. Disponível em: https://www.revistabula.com/2680-os-10-melhores-poemas-de-manoel-de-barros.)