No texto “Aborto inseguro: um retrato patriarcal e racializado da pobreza das mulheres”, Cisne et al. (2018) discutem que o aborto, apesar de ser uma prática milenar, ainda é uma prática criminalizada em muitos lugares e que culpabiliza e condena as mulheres e seus corpos. Assinale a alternativa que responda, de acordo com a perspectiva das autoras, à pergunta a seguir: Por que a prática do aborto criminalizado reforça as desigualdades de raça/gênero e classe?
O aborto vem sendo pensado a partir de uma perspectiva individual e não coletiva, ou seja, entende-se que as mulheres sempre têm condições de optar sobre quando e como ter filhos, quando isto não é verdade, pois a decisão em ter um filho deve passar pelo desejo do companheiro/marido.
A prática do aborto criminalizado não reforça as desigualdades de raça/gênero e classe, pelo contrário, é a forma possível que mulheres tem de retomada do controle na decisão sobre ter filhos.
As condições de vida material e subjetiva das mulheres, bem como a divisão sexual do trabalho, são desiguais na sociedade patriarcal, de modo que a falta de escolha sobre ter ou não um filho, quando e como, lança as mulheres para a maternidade compulsória que aprofunda as desigualdades já existentes.
A maior parte das mulheres que realizam aborto inseguro vem de classes subalternas e, portanto, esse grupo deve ser atendido na sua especificidade; para as demais mulheres, de classes sociais mais elevadas, não há este impacto e, portanto, não há desigualdades aprofundadas.
Após a prática do aborto ilegal, as mulheres ficam desamparadas psicologicamente e, por conta disso, têm dificuldade em retornar ao mercado de trabalho para buscar seu sustento.