A ingestão de alimentos concomitante à ingestão de fármacos pode causar aumento, redução ou demora na absorção dos princípios ativos. Esse fato pode ser justificado pelo princípio de que alguns alimentos podem afetar a fisiologia do sistema digestório, levando a alterações da secreção biliar, de ácido clorídrico e de enzimas; ao aumento ou à diminuição do tempo de esvaziamento gástrico; bem como a alterações na motilidade intestinal e no fluxo sanguíneo local. Atualmente, quatro tipos de interações entre nutrientes e fármacos são descritas na literatura, sendo correto afirmar que
interações do tipo IV referem-se à eliminação ou à depuração de fármacos ou nutrientes, o que pode envolver antagonismo, comprometimento ou insuficiência renal e/ou eliminação êntero-hepática. Como exemplo de interações do tipo IV, pode ser citada a diminuição do efeito anticoagulante de anticoagulantes orais quando ingeridos concomitantemente com alimentos ricos em vitamina K (como couve, repolho e chá-preto).
interações do tipo Il estão limitadas às apresentações paraenterais. Como exemplo de interações do tipo Il, pode ser citada a diminuição dos efeitos das penicilinas orais quando administrado com preparações lácteas.
interações do tipo Ill relacionam-se a bioinativações fora do organismo entre o fármaco e o nutriente ou por meio de reações, como hidrólise, oxidação, neutralização, precipitação ou complexação. Podem ocorrer mudanças na distribuição celular ou tecidual do transporte sistêmico ou na entrada em órgãos específicos. Como exemplo de interações do tipo III, pode ser citada a diminuição da absorção paracetamol em dietas vegetarianas.
interações do tipo | estão limitadas às apresentações enterais e orais. Como exemplo de interações do tipo |, pode ser citada a diminuição dos efeitos sedativos e ansiolíticos do clonazepam quando administrado com cafeína.